
Entre Sussurros de Silêncio



Escritor
Depois de uma noite em que viajámos como sentinelas da sombra,
perdidos nas madrugadas de silêncios partilhados,
o alvorecer chegou como um sussurro calado,
e preencheu o eco que vibrava entre nós
como uma melodia suspensa nas cordas de um anjo adormecido.
Por mais que as palavras se recolham,
por mais que as mensagens cessem,
há uma linguagem secreta no silêncio,
uma voz que murmura segredos
que a alma teme confessar em voz alta.
O que diz o teu silêncio?
Será um “deixa-me em paz”?
Um “esquece-me”?
Um “estou ocupada”?
Paulo Muhongo
Ou será apenas o ruído surdo de quem já não sente,
de quem se afasta devagar sem saber como partir?
Eu, naufrago neste mar de incertezas,
procuro decifrar-te nas entrelinhas do nada,
nos espaços em branco das tuas ausências,
nos pontos finais que nunca chegaram.
Depois de um fim de semana em que,
mesmo à distância, vivemos quase um no outro,
fico agora à deriva no vazio,
à espera de uma palavra,
um gesto,
um sopro que quebre esta mudez sem fim.

