O congresso nacional da reconciliação promovido pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) teve início hoje em Luanda, no âmbito das comemorações dos 50 anos da independência de Angola. O evento reúne líderes religiosos, políticos, sociais e académicos para promover o diálogo, a justiça social e a cura das feridas do passado.
Contudo, a ausência do Presidente João Lourenço marca o arranque do congresso e levanta sérias interrogações sobre o seu compromisso com a reconciliação nacional. A Presidência justificou a ausência por “razões de calendário ligadas a compromissos de Estado” e indicou que o Chefe de Estado seria representado por um membro do Executivo.
Um congresso ignorado
A CEAST organizou o congresso com o objetivo de reunir diferentes sectores da sociedade para refletir sobre a história recente do país, assumir responsabilidades e projetar um futuro de justiça e cidadania. O evento pretende ser um momento de cura simbólica e prática para Angola, mas a ausência do chefe do Estado enfraquece o seu impacto.
Observadores e líderes civis não deixaram passar a oportunidade de criticar a decisão. O facto de João Lourenço marcar presença em cerimónias internacionais com rapidez e empenho, mas “virar as costas” quando se trata de discutir os problemas da nação, reforça a percepção de que prioridades políticas e simbólicas divergem do interesse pelo diálogo nacional.
Consequências simbólicas e práticas
A ausência do Presidente pode reduzir a visibilidade do congresso, enfraquecer a mensagem de unidade nacional e comprometer a confiança da população no compromisso do Executivo com a reconciliação. A CEAST apelou ao envolvimento do Estado, mas sem a presença do chefe máximo, a iniciativa corre o risco de ser percebida como retórica.
É irónico que, enquanto o Presidente se desloca rapidamente para viagens internacionais, simbolizando eficiência e compromisso com a imagem externa do país, quando se trata de enfrentar os problemas nacionais de forma aberta, ele simplesmente se ausenta.
Caminho à frente
Para que o congresso não se transforme em mera formalidade, é necessário que o Executivo demonstre compromisso concreto. A presença em actos de diálogo nacional e o acompanhamento prático das conclusões do congresso seriam sinais claros de responsabilidade e liderança.
Conclusão
O congresso da reconciliação representa uma oportunidade histórica para Angola. A ausência do Presidente João Lourenço deixa claro que, apesar da retórica de unidade e compromisso, a prioridade política recai sobre outros actos e agendas. Angola enfrenta o desafio de transformar palavras em ações e garantir que o processo de reconciliação seja real, tangível e contínuo.
Fontes e referências
“Angola. Igreja convoca a nação a ‘curar as feridas’ pelo Congresso da Reconciliação”, Vatican News.
https://www.vaticannews.va/pt/africa/news/2025-10/igreja-angola-convoca-nacao-curar-feridas-congreso-reconciliacao.html“Chefe de Estado convidado a participar no Congresso Nacional da Reconciliação”, Portal SCM.
https://scm.gov.ao/web/noticias/chefe-de-estado-convidado-a-participar-no-congresso-nacional-da-reconciliacao“João Lourenço anuncia condecoração de Jonas Savimbi e Holden Roberto”, RTP Notícias.
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/joao-lourenco-anuncia-condecoracao-de-jonas-savimbi-e-holden-roberto_v1691475“Angola anuncia condecoração de Holden Roberto e Jonas Savimbi”, RFI.
https://www.rfi.fr/pt/%C3%A1frica-lus%C3%B3fona/20251015-angola-anuncia-condecora%C3%A7%C3%A3o-de-agostinho-neto-holden-roberto-e-jonas-savimbi“Congresso Nacional da Reconciliação arranca sem presença do Presidente”, Novo Jornal.
https://novojornal.co.ao/politica/detalhe/congresso-da-reconciliacao-arranca-hoje-em-luanda-mas-iniciativa-da-ceast-foi-desvitalizada-pela-ausencia-do-chefe-de-estado-68099.html


JLO "VIRA AS COSTAS" AO CONGRESSO DA RECONCILIAÇÃO NACIONAL
Por Paulo Muhongo
💬 E você, o que pensa?
Diante desta situação, acredita que a ausência do Presidente enfraquece definitivamente o processo de reconciliação ou ainda há espaço para que o diálogo nacional avance?
JLO ignora Congresso da Reconciliação Nacional e prioriza viagens internacionais
O Presidente João Lourenço não comparece ao Congresso da Reconciliação Nacional em Angola, mas é rápido nas viagens internacionais. Saiba as críticas e consequências desta ausência.
POLITICAECONOMIA
11/6/20253 min ler
