
O Mais Doce dos Vícios – Poema sobre o Amor, Memória e Dependência Emocional


Escritor
Amar,
esse sopro antigo e nobre,
murmurado desde o princípio do tempo,
discutido em bocas cansadas
e corações inquietos.
Amar é o mais doce dos vícios.
Todos os outros ferem,
deixam marcas,
corroem a carne com o passar dos dias.
O amor não.
O amor constrói lentamente
uma casa de memórias,
onde nos tornamos hóspedes
e, sem perceber, prisioneiros.
Amar é querer partir num instante,
abrir as mãos,
respirar liberdade.
Mas o corpo recorda.
O cheiro.
O beijo.
O olhar que demora.
Os gestos pequenos
que habitam os lugares mais fundos do ser.
E então regressamos,
sempre.
Rogando, em silêncio,
por voltar a caber
no círculo dos seus braços.
Paulo Muhongo


