O Ser Humano e a Ilusão da Religião: precisamos realmente dela para sermos felizes?
Reflexão profunda sobre a ilusão da religião, a eterna busca humana por sentido, esperança e a verdadeira fonte de felicidade: dentro de nós mesmos, não em religiões.
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10/1/20254 min ler


A necessidade humana de acreditar
O ser humano, ao longo da sua história, revelou sempre a necessidade de se apoiar em algo que transcende a sua própria existência. Procuramos, muitas vezes, validação externa para as nossas escolhas e atitudes. Esse impulso, profundamente enraizado na nossa natureza, levou-nos a criar divindades, sistemas de crença e códigos morais que servem de referência para a vida em sociedade. Quando agimos em conformidade com as normas que consideramos sagradas, sentimos uma sensação de realização e de paz interior. Essa harmonia subjetiva dá-nos a ilusão de estarmos em sintonia com um propósito superior.
Contudo, permanece a questão fundamental: será realmente necessário pertencer a uma religião formal para encontrarmos sentido, ordem e felicidade na vida?
Religião e esperança: o legado de Buda, Jesus e Gandhi
Se olharmos para figuras universais como Buda, Jesus Cristo e Mahatma Gandhi, encontramos um denominador comum que transcende a religião organizada: a capacidade de oferecer esperança. Mais do que fundadores de sistemas dogmáticos, foram líderes espirituais e morais que souberam tocar no âmago da condição humana. Cada um, à sua maneira, mostrou que a força da transformação não depende exclusivamente de leis externas, mas da consciência individual.
Mas será que essa esperança depende, necessariamente, de instituições religiosas?
A experiência pessoal de fé e desilusão
Durante anos, segui de forma dedicada a vida religiosa. Fui cristão fervoroso, pregador e, eventualmente, pastor. A minha escolha não nasceu do desejo de uma vida além da morte, mas da profunda admiração por Jesus e pela sua capacidade extraordinária de unir povos, culturas e raças através de uma mensagem simples e revolucionária: o amor e a solidariedade. A sensação de fazer parte de uma comunidade global, onde o apoio material e emocional era partilhado, tornou-se para mim tão vital quanto o ar que respirava.
No entanto, com o tempo percebi uma realidade inescapável: os problemas enfrentados pelos crentes eram, em essência, os mesmos vividos por aqueles que nunca professaram fé alguma. A doença, a injustiça, a perda, a solidão — nada disso é afastado pela pertença a uma religião. A fé pode consolar, mas não elimina as dores fundamentais da existência.
Muitos veem na religião um alicerce indispensável: para uns, ela preenche o vazio existencial; para outros, funciona como guia e contenção moral, por recearem perder-se sem os limites impostos por uma lei divina. No meu caso, aprendi desde cedo a dizer “não” ao que me faz mal, a assumir a responsabilidade pelas minhas escolhas e a exercer o autocontrolo. Sempre acreditei que a verdadeira liberdade se encontra na autonomia moral, e não na submissão cega a regras criadas por instituições humanas.
Foi então que compreendi um paradoxo doloroso: mesmo no auge da minha vida espiritual, sentia-me infeliz. Percebia que toda religião, por mais nobres que sejam os seus princípios, acaba inevitavelmente contaminada pelas imperfeições humanas. Onde há poder, há manipulação; onde há hierarquias, há injustiça. E nenhuma organização, por mais espiritual que se proclame, está isenta dessa realidade.
A verdadeira felicidade, entendi, não nasce da aprovação de uma divindade longínqua e abstrata, mas da reconciliação connosco próprios. O bem-estar interior surge quando somos capazes de viver em conformidade com a nossa consciência, respeitando princípios universais da vida — como a compaixão, a justiça e o respeito pelo próximo. É precisamente aí que reside uma das maiores contradições do nosso tempo.
Religião, África e o contraste com o Ocidente
A África, por exemplo, é um dos continentes mais religiosos do planeta. Igrejas, mesquitas e templos enchem cidades e aldeias, e a fé é professada com fervor. Contudo, é também onde a injustiça, a fome, a guerra e a corrupção persistem de forma mais cruel. Em contrapartida, vemos sociedades ocidentais, em grande parte secularizadas, que apesar de rejeitarem a crença numa divindade, alcançaram maiores níveis de organização social, educação e qualidade de vida. Como explicar tal contraste?
Talvez porque, em última análise, não seja a religião que determina o bem-estar de uma sociedade, mas sim a disposição mental e coletiva para praticar o bem, construir justiça e respeitar a dignidade humana. Deus, se existe, não desce do céu para resolver as guerras, a fome ou a injustiça. Esses problemas são frutos da ação — ou da inação — humanas.
É possível viver sem religião?
Acreditar em Deus pode oferecer consolo, pode dar sentido ao inexplicável, mas não substitui a nossa responsabilidade individual e coletiva. O destino da humanidade não depende de sermos servos submissos de uma divindade, mas da coragem de olharmos para dentro de nós mesmos e assumirmos que somos os principais artífices da nossa própria felicidade e da transformação do mundo.
Para vencermos essa tendência, penso natural que temos de nos agarrar em algo, precisamos amar a vida, desenvolver paixões como pela música, a escrita, arte, futebol, tudo isso dá um sentido a nossa vida. Os cristãos preenchem esse vazio natural que temos em busca de uma divindade, por lutarem constantemente aos chamados desejos errados e imundos, fazendo morrer na carne e vivendo como santos. Mas como pedir a um carnal, para viver como um ser espiritual? Para mim, seria como pedir a uma criança para ser adulta. Se era para sermos espirituais, que Deus nos fizesse desse modo.
O investimento em si mesmo como caminho de felicidade
É preciso coragem e determinação para vencer esse ciclo há anos criados. Nos tornarmos verdadeiramente independentes, desligados dos grupos religiosos, de tradições e doutrinas humanas. Deus não tem religião, não precisa de um templo para ser adorado, diz assim as escrituras sagradas. Porque precisamos nos prender as religiões e vivermos uma vida em que não somos autores dela, somo apenas observadores, pois cada decisão que tomamos deve refletiras normas ou as leis das religiões?
Desprenda-se das religiões e explore mais o ser maravilhoso que tu és. Não adianta buscar a aprovação em outras pessoas, confiar sua vida no seu trabalho ou estudo como o bem mais precioso que tens, pois tudo isso é completamente efémero e não lhe fará verdadeiramente feliz ao longo prazo. As empresas fecham-se, o dinheiro perde-se, assim como as casas, carros e tudo. Seu maior investimento é em si mesmo que deves fazer, pois enquanto tiveres boa disposição mental e confiança em si, poderás reconquistar tudo novamente.